Artigo via Embaixada da Sérvia no Brasil
No dia 4 de agosto, a Sérvia marca o Dia do Sofrimento de seu povo na ação do exército croata "Tempestade". Naquela data, no ano de 1995, as Forças Armadas Croatas, com a aprovação e apoio da OTAN, em cooperação com o Conselho de Defesa Croata (HVO) e o Exército da Bósnia-Herzegovina (ABiH), atacaram o norte da Dalmácia, as regiões de Lika, Kordun e Banija, e a Região Autônoma Sérvia de Krajina, como parte da então República da Krajina Sérvia. A agressão foi realizada apesar do fato da área estar sob a proteção da ONU, e de os representantes da República da Krajina Sérvia, no dia anterior em Genebra e Belgrado, aceitarem a proposta da Comunidade Internacional de uma solução pacífica para o conflito.
Desde 2014, a Sérvia e a República Srpska marcam, em conjunto, os dias do sofrimento do povo sérvio na Segunda Guerra Mundial e na operação militar croata “Tempestade”. Atualmente, 1.852 pessoas estão na lista de sérvios mortos e desaparecidos na “Tempestade” (fonte: Veritas).
A Sérvia busca atualmente se desenvolver em cooperação com todos na região, mas é obrigada a não se esquecer desse evento. A paz é mais importante para o povo sérvio.
A Sérvia e a Republika Srpska têm um interesse vital em fazer parte da comunidade internacional e nunca devem ser isoladas novamente. Na acusação de Haia contra os generais croatas Ante Gotovina, Ivan Cermak e Mladen Markac, a “Tempestade” foi caracterizada como uma empresa criminosa conjunta que visa a expulsão permanente e baseada em princípios da maioria dos sérvios da antiga República da Krajina Sérvia. Nenhum deles foi condenado e os três foram absolvidos (Gotovina e Markac foram condenados em primeira instância, mas absolvidos pela Câmara de Recursos).
Os sérvios que permaneceram na Croácia ainda são frequentemente tratados como seres de ordem inferior (lhes é negado o direito à língua, à cultura, ao progresso econômico e à uma vida digna).
Embora a Croácia tenha um quadro jurídico satisfatório para as minorias, na prática existem numerosos obstáculos ao exercício dos direitos garantidos constitucional e juridicamente. Observamos que casos de discurso de ódio, revisionismo histórico, discriminação contra o povo sérvio e violência física e danos à propriedade que afetam diretamente a sustentabilidade econômica, especialmente em ambientes de repatriados, na prática contribuem continuamente para a ameaça ao direito à liberdade de expressão como um dos princípios básicos da minoria.
Questões abertas permanecem: direitos adquiridos não cumpridos (moradia, pensão em moeda estrangeira, aposentadorias, propriedade), (in)sustentabilidade econômica: os sérvios em áreas rurais enfrentam falta de infraestrutura básica (eletricidade, rede de estradas, abastecimento de água); a discriminação no emprego está presente em todos os níveis, sendo particularmente significativa a sub-representação dos sérvios empregados nos órgãos da administração estatal, no judiciário e na polícia; são constantes os obstáculos à aplicação do direito ao uso oficial da língua e da escrita, especialmente em áreas onde está presente o maior número de sérvios.
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